A CABOCLINHA
 
 
Aquela Caboclinha logo me conquistou tal a sua doçura de olhar cativante.
Eu, um escrevinhador apaixonado pelas coisas do campo me embebedei com tanta singeleza e ternura.
A simplicidade nas vestes, porém de excelente trato, a voz macia e terna, a postura coerente e a esmerada linguagem faziam-na ainda mais bela.
Que tarde linda de domingo. Ali se via claramente as mãos do Criador em tudo quanto se tocava tal a magnitude do ambiente simples, porém humanizado.
Muitas outras pessoas lindas, gentis e educadas estavam presentes. Todos se portavam como cavalheiros ou damas requintadas. A elegância das vestes era visível, mas ninguém e nada se comparava com aquela caboclinha que fazia às vezes da anfitriã, justamente a sua progenitora.
O burburinho era até agradável e simpático. Quando a caboclinha passava com uma bandeja distribuindo alguma das várias opções de guloseimas e quitutes, não havia quem recusasse. Nem eu, é claro.
Quando o ambiente festivo chegou ao seu final e aos poucos os convidados foram saindo eu insisti em permanecer um pouco mais por ali.
Estava encantado por demais com aquela menina cabocla tão bela. Necessitava de pelo menos um minuto a sós para lhe expressar o meu bem fundado encanto.
Reuni todas as forças de que era portador para vencer a timidez e o medo da eventual recusa e me dirigi calmamente até onde ela estava e a convidei para um dedinho de prosa mais reservado agora que os convivas se foram.
E para a minha surpresa a caboclinha me fitou da cabeça aos pés e com um largo sorriso nos lábios convidou-me para sentar.
Foi uma glória. E a bela caboclinha continua sendo a dona deste coração feito de poesia.