Medo
Sentia aquela coisinha no peito que a deixava empolgada. Tinha uma lembrança vaga de um passado distante que dizia já ter sentido algo semelhante. Mas o agora era só o que importava e era tão bom e doce, era suave e acalantador. Que prazer no riso daquele menino, estar buscando de novo o amor. Sim ela sentia muito medo da entrega, tantos dissabores a deixaram assim. Preferia não pensar no porvir e tentava abrandar seus temores. Era suave e doce. O coração palpitava a simples menção do seu nome. Aquele calorzinho gostoso que você também já sentiu. Será que você também sente medo?
A vontade era que durasse para sempre, que persistisse como todo sonho bom, que não desvanece ao abrir os olhos. Tudo tem um fim, o alarme lhe soava. Medo terrível esse da entrega. Mas estava ali, dessa vez, também, tentando não sentir medo. Queria e insistia em deixar acontecer. Queria tirar do chão os pés que teimavam em ser raízes. Decepções deviam ser proibidas de tentar roubar o futuro. Mas ela estava ali, ia com medo mesmo. Ele tão suave e doce merecia seu amor, seu cuidado, seu carinho, seu temor. Deixe-se flutuar nesse mar de nuvens inquietantes, deixe serenar o seu coração. Siga em frente, tenha medo não. Respira fundo e sente essa deliciosa melodia que acalenta o coração. Tenha medo não.