Sou a suavidade da manhã
Sou trovão rasgando o céu
Sou cheirinho de café
Sou o alarde que te sufoca
Sou o reverso do avesso
Sou coragem e sou temor
Sou fogo que te arrebata
Sou tua doce sobremesa
Sou o teu amargo na boca
Sou a lâmina que te rompe a carne
Sou a dor que dilacera a alma
Sou devassa, sou tua ruína
Sou quem te protege
Sou o anjo que cuida de ti
Sou a fome e saciedade
Sou a lágrima
Sou a dor que te conspurca
Sou a brisa que te devolve o ar
Sou o musgo que brota de ti
Sou mulher
Sou fêmea
Sou límpida
Sou a que te ofende
Sou a que te salva
Sou a dor que dilacera
Sou bruta, sou matéria
Sou sempre verdade ainda que arde
Sou tudo, sou nada
As vezes me decomponho em pó
Sou muitas
Sou todas atadas em um nó
Que compõe a minha poesia