AS LÁGRIMAS QUE EU NÃO CHOREI
(Samuel da Mata)


Choro e não tenho vergonha de chorar

Chorei e chorarei de novo, quando minha alma traspassada pela dor em pranto se derreter.
Chorarei os sonhos desfeitos e as ilusões perdidas, para que o borrão da vida se reescreva.
Chorarei a angústia dos desassistidos, a dor dos enfermos e orfandade dos inocentes.
Chorarei a extinção das espécies, a poluição dos rios o estrangulamento do planeta.

Mas não posso chorar

Não posso chorar a confiança traída, a inocência vendida e as acusações falsas e levianas.
Não chorarei a violência orquestrada e repetitiva, os votos comprados ao preço da miséria.
Não posso chorar a estupidez humana, o egoísmo fratricida e o canibalismo econômico.
Não posso chorar as obras abandonadas, os hospitais sucateados, as sentenças compradas, aos desvios de verbas e a impunidade dos poderosos.

A isto eu tenho que odiar de toda minha alma e enojar-me até transbordar em vômito.


 
Samuel da Mata
Enviado por Samuel da Mata em 26/03/2014
Reeditado em 06/09/2015
Código do texto: T4744932
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.