De visita
Cheiro de cigarro apagado, toalha molhada por cima do sofá. A porta estava aberta como sempre e uma xícara vacilava no leito da sacada do apartamento. Na mesa da cozinha, uma taça de vinho quase vazia pairava assustada, como se fosse subitamente abandonada. Na sala a tv estava ligada, mas porém muda. O silêncio seria absoluto se não houvesse o tic-tac itinerante do velho relógio francês. Percebi que Fernando dormia em seu quarto. Ele deixara a porta entre aberta e pude ver seus pés na borda da cama. Não quis acordá-lo, Fernando tinha dessas de se embriagar de uma forma tão inocente e dolorida. Saio do apartamento sem fazer ruido e fecho a porta do desespero.