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Em uma tarde fria e chuvosa, um amigo muito próximo meu, lendo um conto que eu havia escrito, me comentou algo que até hoje vago, e que de certa forma me desfez em mil pensamentos. Disse ele: "Engraçado, seus personagens pensam pra dentro e de súbito explodem pra fora, é como um desabafo alegre e espantado.... Mas sempre há uma oração em cada um e uma tênue ironia que os veste todo tempo...Duino, você se apaga e se acende..." Quando ele terminou o comentário com uma expressão de pertubado, mirando pra janela que a chuva batia com uma certa rispidez, eu vaguei sem olha-lo e continuei lendo um livro que falava sobre deuses e mortos. Na mesma noite estava eu me preparando para escrever - pois antes de cada escrita tenho por ritual me desvanecer de mim. E de súbito lembrei-me do comentário delirante do meu amigo e como um deslumbramento eu me deslumbrei em ser um nuance de sensações, ora agrádaveis ora alucinadas e rídiculas fora da realidade enfeitada. As vezes por pura pungência a mim mesmo, até disponho de brincos aos meus escritos; e por outras vezes não: dilacero, sujo e até humilho a ordem desvairada. Sou uma vela acesa na tempestade, ou simplesmente esse ludico fragmento do meu conto: Se por acaso Laura acordasse. "Quem me dera correr livremente entre a ironia e um mundo fantástico, e como uma singêla explosão, explodir em mil pedaços, de tanta alegria e solidão..."   (Duino Shackal)