MULHER SÃO PAULO
Seus braços são de cimento e aço, me aconchegando em seu colo morno. – os edifícios e arranha-céus.
Suas pernas são delgadas, arenosas e quentes, gostosas de explorar – o litoral.
Seu sexo é verde e cheiroso, canteiros de lindas flores, abrigo de belos pássaros – os parques.
Sua boca, carnuda, fala várias línguas... italiano com sotaque nordestino ou japonês com sotaque mineiro... - o povo.
Seus seios são abundantes, rochosos e me seduzem a uma vertigem. – as serras e montanhas.
Seu cérebro retém o poder e a ambição, máquina a propulsionar o progresso, inteligência infalível. – a riqueza.
Seu coração tem a fé inabalável, que enfrenta desafios todos os dias, um amor infinito. – a pobreza.
Seus olhos espelham nuvens brancas e negras de poluição. – seu céu.
Suas lágrimas amargas e doces, navegam pelo seu rosto moreno, lavando a alma, berço de peixes. – os rios.
Sobre sua cabeça, a neblina e a garoa... o sol e a chuva. – o clima.
Suas feridas à mostra, abertas, sangrando, não tiram de seu rosto a alegria. – a violência.
Amo essa mulher de corpo gigante, chamada São Paulo, compenetrada no trabalho, séria em seus propósitos, mas cheia de luz e de alegria, a qual abraça, beija e acolhe todos que se chegam.
Mulher assanhada!
Minha São Paulo!