APAIXONAR-SE
(Samuel da Mata)

Namorar é uma arte, mas apaixonar-se é algo subconsciente, é uma psico-dependência de alguém baseada em critérios imaginários criados pela carência oculta em cada um de nós.

Em todos nós há sempre um vazio intangível e desconhecido à razão, oculto nas recamaras de dos nossos desejos, pronto a explodir em carência quando menos se espera. É algo assustador e insano como um grande vulcão adormecido.

Não dá para entender; Como alguém que se achava completo e seguro de si, desaba de repente diante de outro ser, como se tudo o que seja ou fosse se torne agora apenas um imenso vazio?

Apaixonar-se é o abandonar do concreto e consciente por algo utópico, imaginário e inexistente. Na verdade, os amantes são todos alienados. Entorpecidos por desejos ocultos capazes de fazerem do ser venerado o símbolo da perfeição e beleza, baseados em parâmetros indescritíveis e fantasiosos, mas ai de quem ousar censurá-los.

São loucos os apaixonados, mas são de fato felizes e jamais buscam a cura para si. Todavia, quando por algum motivo a febre passa, se enchem de ódio e amargura por perceberem o quanto foram iludidos por seus próprios sentimentos. Entretanto, todos eles carregarão para sempre na alma uma saudade imensa dos seus tempos de insanidade.
Samuel da Mata
Enviado por Samuel da Mata em 29/10/2013
Reeditado em 07/09/2015
Código do texto: T4546776
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