LÁ VAI MINHA PANDORGA
Por entre fios de alta tensão, lá vai minha pandorga.
É a emoção da linha resistindo ao vento.
É a luta pra me manter no alto
e cada vez mais longe.
Empinando esperanças...
Projetando no tempo um artifício e controlando
com o coração a rebeldia do ar em movimento.
Cabeçadas por falta de equilíbrio
podem ser fatais.
Ter que dar linha, vendo o sonho sumir, é como
dar um tempo para os anos, sem a certeza de que
os tempos de infância vão voltar.
Parece que esses tempos não voltam jamais.
O vento é forte.
A tensão cresce e a linha quebra.
A pandorga some no espaço.
Deixa-me, em susto, olhando o céu.
Azul.
Azul como a esperança de, lá na frente dos anos,
encontrar meu brinquedo intacto.
Dependurado num varal qualquer