Autores

Perfil

Não escrevo por escrever. Escrevo porque aprecio a criatividade e a liberdade poética. Não fosse assim, jamais existiriam Fernando Pessoa ou Carlos Drummond ou ainda Manoel de Barros. Sem esquecer outros grandes nomes, é claro. Taiguara, Bruna Lombardi, Vinícius, Cora Coralina, Cecília Meireles,  o fantástico João Cabral de Melo Neto.

Reproduzo aqui um de seus poemas: 

Catar feijão

1.

Catar feijão se limita com escrever:
Jogam-se os grãos na água do alguidar
E as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo;
pois catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

2.

Ora, nesse catar feijão entra um risco,
o de que, entre os grãos pesados, entre
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com risco.