TERRA DA GENTE
TERRA DA GENTE 230.813
O mar, treze naus, a Páscoa, monte, porto.
Do brado “Terra à vista!”, segura terra!
A uns de longes, terras e caminho torto; aos daqui, aquilo estranhezas encerra.
Uma carta conta, de volta, a nova obra; uma cruz levantada planta uma igreja e aos deuses locais assombros há de sobra.
No ar, revoada de interrogações adeja.
Velha tela que pinta um mil e quinhentos!
Mar, monte e porto suportam outros ventos; intacta, a carta é dos raros documentos; mil rincões portam cruzes, que são alentos.
Os de acolá para lá levam paus, ouros; aqueles de cá ajudam, com dor no rosto.
Não bastando, vêm outros e resta exposto que este recanto guarda mais que tesouros.
Expedições chegam, chãos são repartidos, colonos lançam mudas de canas, milhos e a terra respondem fértil, sem gemidos.
Entretanto, já são pouco daqui os filhos.
Negociam-se braços negros e fortes.
Tristezas, cantos, comida rala, morte, longos dias e noites, troncos, chicote, revoltas, fugas, mas há café e lingotes!
Liberdades acodem alguns humanos, porém somente trezentos e oitenta e oito anos para refulgir a redentora Lei Áurea, que apaga triste ciclo com branda láurea.
Impasse! A carência importa imigrantes.
Os daqui, contaminados, dizimados, pulverizam-se em grupos itinerantes, caçando distantes cantos, intocados.
Descortinam-se vis cenários às plantas e máquinas desdobram-se como mantas que abrigam soluções: removem atrasos.
Simultâneos, florescem casos: males, desemprego, queda de mandantes, brechas tecnológicas, parcos recursos.
Os daqui, embrenhados na mata, como antes; os de lá, quase já daqui, lêem discursos.
Florestas altas tombam a rasos pastos, movem rios torpes poluentes.
Os daqui clamam tempos não tão nefastos, os de lá, quase já daqui, reticentes.
Cinco séculos p’ra caminhar adiante, cinco séculos p’ra acordar o gigante!
Hoje cento e setenta milhões de naves p’ra ainda se ancorarem, nunca sem entraves.