TANTO PLANO, PLANO ALGUM
Tinha um plano aquele ano. O plano de escrever um livro, de uma história envolvente. Traçou assim todo o plano em sua mente. Pensou na trama, no braço do rapagão, na dama e no nariz do vilão. Pensou em um final vibrante. Fulminante!
Era hora da continuação. Outro plano em ação. Não deu tempo de escrever o primeiro, pois todo o tempo que possuía era necessário para pensar no segundo, arcano. Que plano!
Não lhe restaram opções, senão planejar a trilogia. Suspense, ação, magia. Plano atrás de plano, que alimentavam os próximos planos. Começou com um plano por mês, montando, excitado, os cenários. Castelos, prédios, planetários. Passou a planos semanais e, então, diários. Planejou tudo, do início ao fim, vírgula a vírgula, tim-tim por tim-tim.
Planejou fazer mais planos, e assim, planejando, deu seu último suspiro, injustiçado, aspirando pelos planos que ainda não havia planejado. Chegou assim ao grande final.
Tanto plano, ou plano algum, não escreveu livro nenhum, afinal.