Sobre Tu ((de novo))
Teus olhos que me devoram, teus olhos que me incendeiam. Queimo como folhas secas sobre chamas e me desfaço em fragmentos carbonizados porque é isso que me torno ao ser fitada pelos teus profundos poços oculares. Talvez fosse mais fácil lutar contra a natureza tendenciosa desse embate, talvez eu devesse apenas desviar do espelho, mas encaro a ti que encara a mim e ficamos nessa retribuição infinita. Eu muito fraca para desviar o olhar, você muito magnético me sugando tudo que pode. Qual lado é o certo? Quem é o verdadeiro? Porque sou a única que te observa dessa maneira e estranha/ se identifica com teu modo de agir e pensar e viver?
Ou será que todos percebem e omitem visando meu suposto conforto? Não dá para se buscar respostas diante do espelho, não enquanto esta película sólida separar estes dois mundos. Quero cair para dentro dele, mas me jogo contra a imagem e tudo que acontece são rachaduras nele e cortes em mim. Quando descobrir a passagem, então nos encontraremos sem as barreiras da realidade. Eu e ele. Frente a frente. Corpo a corpo. Vivo ou morto.