O tempo,

ele corre. Não, o tempo voa.

Suas asas são pesadas, assim como meus olhos sonolentos ao acordar de um pulo profundo. Pisar no chão de fantasia é olhar para as estrelas no céu blindado. O céu pintado de vermelho, seja chuva ou seja metano. O céu manchado, assim como meu corpo, também arrasado.

Invadem.

Invadem as noites e levam tudo. Levam os pontinhos brancos - dentes do céu [da minha boca] - e a solenidade do negro azul marinho. Marinho céu, pois nada é feito pra fazer sentido. A lógica não brinca de fazer sentido. É lógico.

Invadem.

Roubam as horas do tempo, e colocam-as nas minhas costas. O mesmo rio escorrendo para o mesmo mar. Gotas pingam e correm para a morte. Lar. Lá para onde escorregam, buscam o seu fim na morte findada, que é tornar-se um com as pedras salgadas.

[A[mor]te]

Conformar-se em seguir para o fim. Recusar-se a regressar. Mas o que diabos há nos lados? Ninguém nunca viu os lados?

Espelhos.

Meu rosto. Acordo. Levanto. Minhas mãos, ao ar, ao santo. Santo dia para segurar as malas e não as carregar. Parar na porta, sujar o tapete; lembrar. O que há? Meus olhos pregados nas nuvens - não vá. Minhas ruas confusas ao achar o caminho para a tua.

Avenida, rio, mar.

Os pássaros voam com as gotas. Voam com o tempo, no céu de metano. Eu paro. Observo.

Uma pena [em minhas mãos que ardem], não tenho asas no meu [para] colar.

Não tenho gaiola, não posso sonhar.

Acordo.

Chuva.

Curva.

Linha?

Não reta

Turva.

Não há caminho de volta nesta rua. Não há mar no fim da curva. Não estou em casa, mas posso gritar.

Alguém?…

[para escutar]

Ohana Lopes
Enviado por Ohana Lopes em 07/07/2013
Código do texto: T4376665
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