Sobre Morar
Estendeu a mão e observou-a. Nu, o corpo que sempre lhe acompanhou era agora estranho, era quase novo. A curiosidade guiou com delicadeza seu olhar que passou dos dedos para o pulso, do pulso para o braço e do braço para o peito, explorava com os olhos e deslizava a ponta dos dedos por cada centímetro de pele macia. Seus cabelos eram negros e a pouca luz que invadia o quarto dava a eles o suave relevo prata das luas do fim do mês. Quanta perfeição existe num corpo comum? A curiosidade não estava em conhecer, estava em explorar, em voltar para casa, em reconhecer que nosso corpo é o nosso verdadeiro lar.
”Eu não preciso retornar daqui”, o bom filho a casa torna; o filho real jamais foi embora.
Mas naquela noite, voltando da casa dela, percebeu que havia ficado lá.