A Idade da Razão

Os relógios chamam — o tempo já não anda nem tilinta devagar. Ponteiros estão por toda parte: enquanto se escreve, enquanto se anda, enquanto se vê — até nos tostões dos bolsos eles aparecem —, os círculos também.

E o ouro é muito falado — o amor esquecido. Cantos foram perdidos, ficaram as vozes, os discursos, repetidos.

Vulgares, veem beleza na beleza — distinguem o feio. Contam carneiros quando ainda sonham, levantam cercados.

Acordam subitamente do nada, dormem na terra, não veem nuvens, queimam-se no sol.

Convencem-se orgulhosamente da inexistência da infância. A rejeitam.

Ohana Lopes
Enviado por Ohana Lopes em 02/05/2013
Reeditado em 02/05/2013
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