Sol Interior
© Dalva Agne Lynch
A bola redonda do sol era liberdade. A única que lhe restara, atrás da grade, atrás do alto muro.
E quando o sol se punha, quando outra vez ficava escuro, nem estrelas e nem lua lhe davam qualquer conforto.
E ele se sentia morto, sem entender, sem razão de ser...
Mas quando a manhã nascia, a esperança, essa inútil, renascia, e tudo começava outra vez.
Mas um dia o sol não brilhou. O muro cresceu mais alto, as grades cresceram mais fortes...
Apesar da manhã, o escuro permaneceu.
Em um arroubo de coragem, ele escalou o alto muro.
Lá de cima - e até parece bobagem - ele viu um mundo todo de cores, cheio de luz, sem muro, sem grade...
Ele então abriu os braços, e deu dois passos em direção à liberdade.
E as pessoas que o viram nesse dia, podem até jurar que havia - saindo de suas costas - grandes asas em multicor...
Nas asas de si mesmo, no desespero por liberdade, ele encontrara o seu sol interior...