Se existe amor...
Se existe amor... o deleite é tão breve...
Encoberto pela neve, que é a primeira ausência tua.
É como a fome imperando e a paciência atropelando e devorando a carne crua.
Se existe amor... como são torturantes as lembranças itinerantes que indiferentemente
apartam-me de ti.
A saudade é massacrante, lembra o triste som do berrante, nas ravinas a tinir.
Se existe amor... o que são os segundos, o ano-luz e os mundos diante de sua eternidade?
O que é para esse amor a noção de distância e imensidão, ante o ruim e o bom envoltos nessa intensidade?
Se existe amor... como fica belo a beleza e real a realeza, como tudo é aquecido, no fervor do encontro, no ardor do encanto, no transbordo do pranto e na escassez da razão...
Se existe amor... tudo são flores e confetes, serpentinas e neons...
Um oásis, um shopping na madrugada aberto...
Voz e violão em serenata despertos...
Um florido jardim, na fria e petrificada urbe..
Se existe amor... não há distância entre o bibelô
e os domesticados bichinhos exóticos...
Fundem-se “funk”,samba, bolero e “rock”...
Só e tão somente se há amor...
Se existe amor... tudo é compreensivo, tudo torna-se, então, motivo de soluços, de perdão.
O amor habita a simplicidade, contagia a cidade
carregado de emoção.
Se existe amor... não procure no mercado, nos templos, nos tablados, ele está bem do teu lado, reticente, enamorado, dentro do teu coração.