Evoluir é preciso...


O mar sob a batuta da maestrina lua
Emite seus ritmos e sons, no quebrar de suas infindas ondas
Que alvas e desajeitadas se desmancham na areia ou batem, importunamente,
No paciente e resistente rochedo, lavando-o com a brancura de suas espumas.

Então, um escurão imenso o torna sombrio, mexendo com a aventureira imaginação do velho homem do mar.

É quando afloram mistérios e quimeras...

Bem dramatizada por exímios historiadores faz o neófito marinheiro esquecer os enjoos e engolir seco e mergulhar no mundo das serpentes marinhas, das sereias, das criaturas mitológicas, dos incontáveis e monstruosos habitantes do reino de Poseidon. Seres abissais, medonhos, deformados pela submissão às profundezas e às imensas pressões e que ora emergem espalhando terror.

O alto mar humilha o homem, fazendo-o reconhecer sua insignificância, ante as forças e poderes da natureza e o limita ao perímetro da velha nau, dotando-o do sentimento de solidariedade e da certeza de que não sobrevive sozinho.

E a vida abaixo das estrelas segue no balanço das procelas, na eterna busca dos destinos...

Contudo, o retorno ao porto de partida, onde os umbigos são enterrados ocorrerá com certeza, mas não nas mesmas águas, a nau não será a mesma, muito menos os navegantes.

Os porões da velha nau, certamente estarão mais velhos, mas os profundos porões dos homens tripulantes dela estarão mais cheios de sabedoria. São tesouros adquiridos em cada porto, cada praia, em cada motim interno, em cada crise nauseosa, em cada tempestade vencida, em cada batalha com piratas e monstros, a cada avaria de leme, tudo ocorre sob influência de uma constelação guia, com um norte, um azimute incontestável: a pretensa e necessária evolução.

Que assim seja.