Histriônicos

Um canto estranho esse lugar de minha visita anual

A recorrente que demarca a cordialidade familiar

O pensamento prossegue todo o mesmo nesse raro encontro

Gente estranha!

Cantam estridentes, erguem as mãos, dão ordem a clichês de palavras...

Tudo ensaiado e uniformizado

Retóricos em cada cumprimento, cada ritual

Desinibem talentos, mas recusam aplausos

Os direcionam a outro endereço

Aquele de morada conjunta, universal aos condizentes

Como? Questiono

Pleiteiam o Universo mas não ultrapassam limites culturais,

sequer geográficos

Não reconhecem o vil e nada sútil apego à materia, à espécie, ao metal...

Ou será que fingem?

Talvez a alma edificada,

o prazer irresponsável em não se resolver dê suave tutela

Os dirigentes, esses sim, surpreendem pela empresa

Pós modernos que almejam passado

Empregam os deuses e recebem bençãos

E cativam para receber bençãos

E argumentam, livro em punho, pelas bençãos

Sinto asco!

Enxergo a humildade das Marias e dos Joões.

Assim, nessa matemática e economia de espíritos

a ordem da onda é ser histriônico.