Aos vinte anos, sou ainda uma menina com olhar curioso de primeira vez! A mirar as luzes do parquinho, o carrocel a girar, a roda gigante, a emoção de estar lá em cima, remirando a cidade lá do alto e o povo a transitar de um lado para o outro, pipocas, algodão doce e eu aos vinte anos descobrindo o mundo na cidade. E a cidade parecia um país distante e encantado, como o país das maravilhas. Eu estava vivendo ainda uma adolescência tardia e que me parecia mesmo era ser uma infância, que não fora vivida. Mas que estava adormecida e que se perdera nos porões do engenho onde me criei. E essa eterna menina, ainda latente em mim no agora, vem tateando em minha reminiscência fazendo-me lembrar também dos circos, que andara, lá pelo interior, os palhaços, as gargalhadas, os trapézios o frio na barriga, que engraçado... Nos momentos mais difíceis da minha vida, quando constato mais uma vez a maldade humana, às vezes sinto vontade de ir a um parquinho, um circo, sei lá... Ir onde onde vão as crianças e com elas ser feliz e com elas brincar...

Kainha Brito
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