O FUTURO A NINGUÉM PERTENCE
Tenho me esmerado ao máximo em decifrar
coisas indecifráveis.
Hieróglifos absolutamente inteligíveis, me mostram
as inconsistências do viver.
Por mais que me esconda de mim, apareço
em rubra face diante do espelho do tempo.
Essas anomalias de pensamentos, ora sóbrios,
ora de porre, são os ácaros que me coçam a vida.
E que não vejo.
Cansei de perguntar aos céus as minhas origens.
Descansei ao lembrar que meu final é tão inexorável
quanto não viver pra ver.
O futuro deve pertencer unicamente ao tempo.
Que inventamos, contando horas e abominando
o vai-e-vem de badalos em cordas eternas.
Vendo o cotidiano e tantas mazelas, vou me
conformando em ter esse ar terreno.
Marciano fosse, estaria metralhando, sem dó
jipes intrusos a fuçar meu solo.
Universal fosse, como sou, estaria glorificando
o acaso e a explosão de estrelas.
Nada se cria, tudo se explode.
O universo é o grande enigma e a grande verdade.