O guarda-chuva.
A menina observava atentamente aos movimentos da mulher.
Assustou-se então com o medo da mulher do vento que levou o seu guarda-chuva em pleno verão.
A mulher sabia que precisaria do guarda-chuva e embora soubesse que seria fácil conseguir outro, sua insegurança cresceu exageradamente ao se dar conta da preocupação de sua menina.
Menina e mulher ao invés de correrem para pegar o bem que ainda estava perto, abraçaram-se involuntariamente na tentativa de criar confiança onde no momento só existia imobilização.
O relógio trabalhava quase gritando em seus avisos silenciosos de que seus segundos não comportariam o tempo de regeneração sentimental.
A mulher tinha muitas e acumuladas obrigações, mas nenhum estímulo prático para o início do desenrolar dos eventos.
Para ela, só existiam as palavras que refletiam a cor da noite.
Mesmo sentindo a impaciência de suas redundâncias, seu comando neuronal ativou então o sono, o famoso estágio escondedor de verdades e exposições.
"Adormece angústia, pois o tempo não pára e logo mais as obrigações te estapearão!"
Repetindo para si tal tantra, aconchegou sua menina no colo e decidiu pelo descanso temporário de sua mente hiperativa.