Habilidade?

Habilidade onde andas?

Apenas em minha mente?

E minhas mãos?

Estas, não creio...

Cada um de meus dedos,

dedica-se ao máximo,

mas, coitados...

Os dedos aglomerados,

junto à ponta da agulha,

presionados num comando teimoso,

tentando tricotar sabe-se lá o quê,

chochetar sapatinhos de bebê!

Tentativas tantas,

num enroscar de dedos e agulhas,

enquanto o sabiá canta,

junto à janela.

Cansados da insistência,

minhas mãos desprendem-se,

da lã macia e perfumada,

num gesto conturbado,

de visível alivio.

As agulhas?

enfiadas dentro do novelo,

cujas pontas contemplam,

aquele sapatinho mal acabado,

que resvala para o chão.

Minhas mãos?

repousam em meu colo,

esticando-se vez em quando,

em forma de oração.

Lá fora,

o cantar dos pássaros,

que agora formou sinfonia,

canta com maestria.