Contas, contos e cantos poéticos
Sei que não é justo
Com o nosso caminho
Lido e percorrido
Ser medido com passos
Ser contado com números
O nosso passado se conta com letras
Se traduz com poesia
Se degusta com inconfundíveis cheiros
De almoços com sabor de vida
Se demora em vinte minutos
Com doses de mistério e frio na barriga
Nossos sonhos perpassam linhas infinitas
Vidas infinitas,
Essas, outras, muitas além...
Recorrem a pernas escondidas
A carinho no pé
A cheiro de café
A beijos ora tão guardados
ora descontrolados por sentimentos agudos
crônicos, fônicos...
poéticos
Nossas datas se passam
Banhadas no tempo da saudade
Então seria sim injusto com o nosso tempo
Com nossa infalível maneira de sobreviver aos contratempos
Consagrar apenas datas
E desprezar as marcas
E foi nesse sentimento timbrado
Impossível de não ser enxergado
Que as marcas de você
Em mim
Não me despedaçaram
Fui sim renovada, tomada, invadida
Atropelada
Por multidões de horizontes
Ainda em poucos meses
Já foram colhidos
Imensidões
De frutos
Frases
Flores
Folhas
Frissons
Sob sombras de tantos desafios
Nossos pés já se juntaram
Antes mesmo de se tocarem
A pele na pele se demorou
Os corações de imediato
Se apressaram
E a estrada se fez
canto
conto
Ar livre
Dança
Chuva
Sol
Companhia
Sorrisos
Nós
Sem nós
Entre laços
O nosso tempo externo se conta
Do interno, só nosso sentimento dá conta...
(Aos nossos externos oficiais dois meses)