Fui Porto

Fui tantas vezes porto, quando precisava ser navio,

Fui porto para manter segura, pessoas queridas em

devaneios. Precisava ser navio para atravessar

pessoas naufragando em suas, fraquezas e delírios,

Quantas vezes acalentei, quando queria chorar. Fui

procela em alto mar, quando queria apenas ser brisa.

Fui ninho e também fui pássaro quando me deixaram

voar. Fui oásis no deserto quando choveu em mim, fui

tempestade, quando o destino tredo me assolou.

Fui luar em noites escuras, fui noite escura quando

houve tempestade em mim. Fui noite enluarada,

mitigando a relva, os prados... Vaguei pelas ruas

desérticas da minha vida, fui fita colorida e adornei

o dia das crianças, tudo para vê-las sorrir. Fui o

grito sufocado na garganta daquela do povo oprimido

vesti-me de louca pelos hospícios da vida, para entender

minha própria loucura, hoje sou remanso, amor, paz

e alegria, hoje sou calmaria. Sou trajetória percorrida

pelos vendavais da vida. Sou chão no espaço, onde

sinto os pássaros em mim. Sou árvores e ninhos para

os abrigar, sou um atalho, onde os andarilhos podem

descansar, sou sombra e remédio, mas ainda preciso

ser medicada, pois ficaram marcas indeléveis em mim.

Sou terreno fértil, sou embarque e desembarque em

reminiscência aos que por minha vida passaram. Sou

estrada de chão, sou da terra, trago em mim o néctar

da vida e o dissabor amargo das desilusões. Sou o atalho

de um caminho, sou andante e peregrina sou das pessoas,

a mais sozinha. Sou a vontade do meu pai de estar com

a natureza, sou amante de tudo que ele com saudade

deixou. Sou a continuidade daquilo que ele tanto sonhou.

Eu sou lágrima, sou profunda, sensível, sou labirinto que

não consigo entender. Não suporto injustiças, sou

profundamente sincera e transparente. De tudo o

que vi e vivi, lições valiosas eu aprendi e a melhor

delas é: Amar e perdoar sempre...

Kainha Brito

Kainha Brito
Enviado por Kainha Brito em 24/10/2012
Reeditado em 01/09/2016
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