Fui Porto
Fui tantas vezes porto, quando precisava ser navio,
Fui porto para manter segura, pessoas queridas em
devaneios. Precisava ser navio para atravessar
pessoas naufragando em suas, fraquezas e delírios,
Quantas vezes acalentei, quando queria chorar. Fui
procela em alto mar, quando queria apenas ser brisa.
Fui ninho e também fui pássaro quando me deixaram
voar. Fui oásis no deserto quando choveu em mim, fui
tempestade, quando o destino tredo me assolou.
Fui luar em noites escuras, fui noite escura quando
houve tempestade em mim. Fui noite enluarada,
mitigando a relva, os prados... Vaguei pelas ruas
desérticas da minha vida, fui fita colorida e adornei
o dia das crianças, tudo para vê-las sorrir. Fui o
grito sufocado na garganta daquela do povo oprimido
vesti-me de louca pelos hospícios da vida, para entender
minha própria loucura, hoje sou remanso, amor, paz
e alegria, hoje sou calmaria. Sou trajetória percorrida
pelos vendavais da vida. Sou chão no espaço, onde
sinto os pássaros em mim. Sou árvores e ninhos para
os abrigar, sou um atalho, onde os andarilhos podem
descansar, sou sombra e remédio, mas ainda preciso
ser medicada, pois ficaram marcas indeléveis em mim.
Sou terreno fértil, sou embarque e desembarque em
reminiscência aos que por minha vida passaram. Sou
estrada de chão, sou da terra, trago em mim o néctar
da vida e o dissabor amargo das desilusões. Sou o atalho
de um caminho, sou andante e peregrina sou das pessoas,
a mais sozinha. Sou a vontade do meu pai de estar com
a natureza, sou amante de tudo que ele com saudade
deixou. Sou a continuidade daquilo que ele tanto sonhou.
Eu sou lágrima, sou profunda, sensível, sou labirinto que
não consigo entender. Não suporto injustiças, sou
profundamente sincera e transparente. De tudo o
que vi e vivi, lições valiosas eu aprendi e a melhor
delas é: Amar e perdoar sempre...
Kainha Brito