Cena

No papel é onde me tenho, me de-tenho!

Minha essência se liberta

onde não tenho pudores, nem dores...

Mas sou capaz até de morrer de amores!

Posso tudo: ser santa ou puta?

Vítima ou algoz

que importância isso tem?

Encenar cada ato,

viver cada personagem...

Com a intensidade voraz que me consome!

E depois matá-lo, rasgá-lo

como quem rasga um poema!

Lido e re-lido muitas vezes...

Mas há que se falar...

No teatro da vida

não há perdas ou perdedores

como diria Walkíria das Mercês

nesse nível de existência

não se aceitam cobranças e nem compensações

esse farnel de coisas tão grotescas e mesquinhas

o que há é apenas o tempo,

calando tudo!

(Senhor eterno de todas as coisas)

a prece escondida na gaveta da sala

em meio às recordações e papéis do passado

papéis que vivemos...

Ou que por algum motivo,

deixamos de viver (esses são os piores)

causam angústia, dor, frustração, arrependimento...

Ou simplesmente na poeira em baixo do tapete

de nossas vidas...

(Que muitas vezes esquecemos nos de sacudir

ou será que falta nos coragem?)

Na verdade, há um tempo limite

tempo presente (este é o tempo do fazer)

há um tempo sem tempo...

De tornar se tempo,

há tempo sem futuro (talvez o mais triste...)

Há contudo, apenas o tempo de agora

em que a cena termina

e as cortinas se fecham

mediante aos aplausos da plateia.

P.S.: texto escrito em um espaço qualquer, de um momento qualquer, numa noite qualquer, para uma pessoa qualquer, de um tempo qualquer... No ano de dois mil e oito.

Lanna Woolf
Enviado por Lanna Woolf em 16/08/2012
Reeditado em 16/08/2012
Código do texto: T3833444
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.