" SEM MÃOS CALEJADAS "
Não tive pobreza para me gabar.
Nunca fui um João Ninguém para me desculpar.
Trabalhei, mas nem houve tanto suor assim.
As minhas desventuras foram um estímulo de vida.
Venci o medo com a força de minhas fibras.
Plantei árvores, cuidei de canteiros,
criei filhos, escrevo livros,
escrevi poemas que foram meu prazer e maldição.
Bom mesmo é que fui para os outros.
Fui e serei, cuidei, apaziguei.
Nas mãos nunca tive garras,
mas na alma não guardo toda a santidade.