" BACHIANA No. 2 " (reedição)
Eu me esforço para escrever poemas
nas nem sempre os faço de coração.
Invento borboletas no papel,
ariscas palavras, ilusões minhas,
não consigo apanhá-las. Eu me esforço
para ser bom. mas a escuridão cresce
rente aos meus pés. Eu me esforço
para não morrer de amores; contento-me
em vê-los amar e desamar. Eu me esforço
para inventar a próxima primavera.Quem sois?
deusa ou taverneira, medo de amá-la, possuí-la
em só nudez e gotas sujas.Quem sonhamos?
Nós ou a vida que morreu? Nós sonhamos,
ou o sonho nos sonhou? Há luto na vida?
Não foi Petrarca quem chorou primeiro?
Quem é sincero? Quem planta? Quem colhe?
O que escrevo nos poemas?