" BACHIANA No. 2 " (reedição)

Eu me esforço para escrever poemas

nas nem sempre os faço de coração.

Invento borboletas no papel,

ariscas palavras, ilusões minhas,

não consigo apanhá-las. Eu me esforço

para ser bom. mas a escuridão cresce

rente aos meus pés. Eu me esforço

para não morrer de amores; contento-me

em vê-los amar e desamar. Eu me esforço

para inventar a próxima primavera.Quem sois?

deusa ou taverneira, medo de amá-la, possuí-la

em só nudez e gotas sujas.Quem sonhamos?

Nós ou a vida que morreu? Nós sonhamos,

ou o sonho nos sonhou? Há luto na vida?

Não foi Petrarca quem chorou primeiro?

Quem é sincero? Quem planta? Quem colhe?

O que escrevo nos poemas?

permiano colodi
Enviado por permiano colodi em 20/06/2012
Código do texto: T3734336