O limiar dos reveses.
O amor é como um curso d’água
Brota em grotas de serras verdejantes,
Nas geleiras a derreterem, nos oásis, quem diria?
Às vezes transborda – Desejos!
Às vezes míngua - Descuido...
Ou lhe secam – Morte.
Ou mudam-lhe o curso – Recomeço...
Por onde passa ou fertiliza, ou arrasa!
Submerge pelas entranhas do solo resistente e ardente
E emerge a perpassar rochas, invadir matas...
Precipita-se em lindíssimas quedas, as cascatas,
Aprofunda seu leito: – O lado inflamado do peito...
Com enorme fluidez e volume d’água!
Se lhe represam, há de haver sangria...
Há ressacas e marés, ondas e marolas,
Se há abalos – Tsunami!
Intempéries lhe faz paixão,
Por onde passa deixa os rastros: as lamas negras do ciúme
Enchentes de quereres cegam-lhe às consequências.
Acalmado, volta ao normal, navegável: agradáveis remansos...
Mas sem o devido cuidado, num inesperado instante,
Como as lágrimas tolas, inócuas e velhas – Seca!
Das mágoas brota a aridez que tudo acampa,
Esteriliza e espalha secura – Ódio.
Há de se implantar um eficiente e infalível sistema de alarme,
Com estridentes sirenes e apitos.
O triste é que a paixão além de cegar, também ensurdece...