" A VERDADE "
Durmo sobre as palavras despronunciadas,
aquelas sem face, presas na obscuridade,
em desejo de sono que se guarda sob o lacre
num inóspito calendário. Volúpia abstrata,
biombo-escudo que nenhuma farsa disfarça.
É um êxtase impalpável, como um rastro e nada mais,
um aparente nada num hálito eterno.
Luz mínima, sagrada inquietação, ocre de meu
outono. Ironia sem nome, num jeito de ser presente.
Penetrar no coração do mistério, no âmago,
em sono e sem tato, estranho, impalpável,
não estar preso a alvos de desejos diuturnos.
Se me perguntarem,
A resposta é teia desabitada:
Se não sabes o que é a verdade,
as palavras não lhe poderáo dizer.
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Buda ia fazer um discurso especial,
a multidão aguardava ansiosa.
Buda apareceu segurando uma flor
mas nada dizia, apenas contemplava.
A multidão começou a murmurar.
Não se contendo, Maha-Kashyap
começou a rir.Buda entregou-lhe a flor
e disse à multidão:
"_Tudo que podia dar a vocês através da palavra,
já foi dado e a Mara-Kashyap dou a chave do ensinamento."
(Bhagwan Shree Rajneesh- RAÍZES E ASAS-1975)