Salas e porões
Os caminhos que atravessam
As terras altas soterram ossos
Do povo das sementes, por
Entre precipícios... porra-porra-
Porra, quanta distancia entre
A paz e o perdão; agoniza
Tristeza em meio ao mal
Fadado dia, sem escrúpulos
Sem crepúsculo.
Estendes suas casas
Rosadas, por entre pinheiros
E nos largos campos tudo
Consome. À beira de um
Lago verde navega em nuvens
Coloridas tingidas com
Corantes, nas noites de chuva
Entrega-se ao barqueiro.
Nas noites sem lua uiva
Ansiando por donzelas
Negras, no barco se atira
E nos braços da mãe cai,
Estica-se por espaços
E em pedaços se curva
Mostrando a bunda,
Ao mundo sem vergonha:
Bunda branca. Decadente
Sem júbilo vive, nos
Abismos da vida inferniza,
Não somos como os da corte,
Que os dentes alvos mostram,
Somos do sertão, onde a vida
Vale pouco, por bocas se
Fala em festas, depois da
Meia noite vigiando fica,
Numa noite de alegrias
Onde tristeza é passageira,
Que nessa vida de dores
Dias de aflição e incertezas
São postos sobre um banco
De madeira, vinte são seus
Anos, de vida e de glória
Majestosa magnólia.
Por entre os jardins
Deita a espera de uma paixão
Ardente, que lhe consuma
E pelas mãos lhes leve ao
Fundo dos oceanos nos pólos
Terrestre ou do inferno.
Vinte e oito são seus
Dias de passagem aqui nas
Camas da pobreza. As luzes são como
humanos desavergonhados
Irritado pelo dor da separação.
Quem não vem dança a dança
Da chuva, que apaga as fogueiras
Acessas numa noite de terça feira.
Agora só ouço o uivo dos ventos
Sentado a beira do calabouço
Nas escadas me estico, a pressão
Cai rapidamente, o sono me separa
Da morte por uma cortina de
Tecido barato.
Por mim está vestida de cetim, de roupas
Intimas brancas, manchadas de nodoa
De semente de sésamo, tão arrogante
Quanto o mundo dos mortos em aflição,
Over dose de aflição na veia,
O que é isso que me arrasta para o sono
A beira da morte? Sentado
Enveneno-me por vinhos de safra nova
Impuros da era dos conservantes.
Pilantras de estilo nobre. Grandes jardins
Estende-se por salas e porões, no sótão
Enforca-se, de longe vejo vulto,
Cadarços enfeitam sapatos
Desamarrados esticados
Em forma de bailarina, o corpo
Balança ao som do vento, nunca
Imitados pelo cisne negro.
Autor Irineu Magalhães