Movimento

Troque de assunto, despeça-se desta tecla mesma que não sai do lugar, que é amorfa e pálida,

cheia do vazio, do não querer.

Saia para o mundo, desperte para o novo.

Qualquer coisa que não seja esta mesma velha coisa, ”velha e mofada”.

Seus gestos são previsíveis, o suspiro tem o mesmo tempo. Não há surpresas.

Todos já sabem do barulho e da queixa. É tudo tão dramaticamente presumido.

Os movimentos cadenciados, ensaiados, repetidos, já desbotados.

É preciso aprender o movimento,

sair do lugar,

experimentar,

surpreender o outro,

antes, surpreender-se.

É possível que o susto do fazer diferente seja o primeiro movimento e outros tantos virão,

tomados de espanto e encanto.

Medo, coragem,

braços, pernas,

esquinas, ruelas,

rios, montanhas,abismos,

achados e perdidos.

Frente, curva,

sorrisos, anseios,

olhar fronteiriço,olhar sem fronteira

gosto novo,

agora é tudo novo e movimento.

Valéria Escobar

24/07/2010