Valéria Matos Escobar, mineira de Januária,
professora, mãe, mulher.
Gosto de brincar com as palavras e fazer delas meu
refúgio e confessor. Experimento nas andanças algumas
ranhuras, mas sustento o otimismo, a coragem de voltar
sempre para casa, “tomar pé” e continuar a aventura que é
viver.
Escrever é uma válvula de escape, mas também, e,
sobretudo, é uma fala sussurrada no ouvido, uma escuta
mais sutil diante de algum momento ou sentimento, um
jogar pra fora, expulsar aquilo que não quer mais se
calar.
Durante um tempo, um ato quase egoísta, pois os
escritos se escondiam no fundo das gavetas.
Outra explicação mais ousada seria, quem sabe o excesso
de
zelo e orgulho, medo de me expor, de mostrar o rosto
através do espelho que são as palavras.
O que escrevo nasce da percepção que tenho do mundo,
mesmo que seja do meu mundo e do amadurecimento que se dá
a cada dia, um pouquinho de cada vez. Pensamentos soltos
e entrelaçados, insistentes, íntimos. Impressões do
cotidiano, do movimento; intuições, dilemas, conflitos e
alento...
Retalhos que vou costurando sem esperar simetria,
encaixes. Apenas vou cerzindo as idéias numa colcha que
não tem hora para terminar.