" AS FLORES AMARELAS II " ( Um estudo sobre uma " prosa " de Fernando Pessoa )
Nada sei do futuro,
só do meu jardim posso saber,
saber das flores amarelas,
que estão sempre nos canteiros
na minha experiência vulgar
de retornar para ver flores amarelas.
Quando retorno, sinto-me outro
e as flores continuam amarelas
num outro alhar em que me renovo.
As flores são sempre as mesmas,
e eu sendo outro,
vejo amarelos distintos e penso:
serei eu mesmo a ver flores distintas
ou serão outras as flores que já vi,
mesmo num dia triste que trouxe a alegria
com as flores amarelas que me lembram
as flores amarelas que vi outrora
com meu olhos plenos de alegria!