O sonho dos inadequados

Geração após gerações, garotos continuam cultuando mortos.

Não que isso seja mau,

Mas não existem faculdades de zeladores de cemitérios.

Enquanto isso, para eles, os velhos apodrecem ou são postos em piras funerárias;

Enquanto crianças proclamam uma independência de gelatina.

Eu também reverencio e sonho com aqueles que partiram desta terra de desejos e frustrações,

Amo os velhos heróis mortos, mas também os anônimos que, gaguejantemente, partiram, sem lembranças.

Com raiva apaixonada e moribunda, proclamo e reclamo a importância das pessoas que, neste vestígio de planeta, vivem uma vida sem integridades de rabo preso, respiram o ar do infinito e não as brisas da oportunidade e mesmo assim dormem, não o sono dos justos, mas o sonho dos inadequados, confusos e contestadores.

Agosto/2007

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 26/10/2011
Reeditado em 25/11/2011
Código do texto: T3298755