QUEM É VOCÊ?
Que vem aqui, neste sábado à noite, surrupiar poesias?
Quem é você, que nem me conhece bem e me ama de paixão?
Ama não?
Desliga então! Poetas querem ser amados.
Ainda que por seus deslizes. Ainda que por suas falcatruas.
Não, não, não destruas essas ilusões insanas!
Poetas são feito bananas. Nascem em cachos.
Mas, cada um é um. E fogem de macacos predadores de letras.
Abominam mesmices e grafitices em muros.
Que não são Berlin. Nem de lamentações.
Quem é você? Identifique-se!
Diga seu nome de batismo de fogo. O nome do seu pai.
De fogo. O nome da sua mãe. De água.
Seus avós, de ar. Seus irmãos, de mar.
Quer não? Prefere o anonimato?
Que assim seja, então.
Nunca esqueça, entanto, que a poesia
pode ser um alimento. Que te alimenta.
Sem data de vencimento. Sem gramaturas.
Que o Inimetro não consegue condenar.