" ABRO A GAVETA DE UM VELHO ARMÁRIO "

Abro a gaveta de um velho armário.

Lá no fundo ressoa uma saudade plena

de encantamento do que vi e reencontrei

ao tocá-la. Foi com um suspiro profundo

que me estremeceu, como um eco da alma

na memória entorpecida. Com ais de melancolia,

os objetos renasceram: fotos desbotadas,

manuscritos de cartas que ninguém se lembra delas,

só eu que estremeço ao constatar que coisas

esquecidas, renascem nas expectativas de outrora.

Lembrei-me dos equívocos, que jamais viriam à tona,

não fosse o abrir da gaveta de móvel antigo.

Recordo o passado descartado que retorna

reacendendo a vida dos objetos na gaveta.

É a polifonia da imaginação que o impulso de tocar

reencontra as metáforas do meu viver.

Quando toquei os manuscritos, renunciei à lógica.

Um devaneio nasce, e como sonhar acordado,

despedaçam-se as verdades nas quais vivi

e me levavam a entender o transitório

como ponto de partida e fonte de novas ilusões:

um suposto racional que se transforma face

ao irracional dos anseios. Ao ver e tocar

os velhos objetos, percebo que algo sonhou

em mim, enchendo-me de forças imaginantes,

poderosas e imortais.

permiano colodi
Enviado por permiano colodi em 20/08/2011
Reeditado em 20/08/2011
Código do texto: T3171691