"TUBARÕES MARTELO "

Dentro de seus olhos

boiavam peixes dourados.

Dela, para mim,

só tubarões martelos boiavam

e devoravam os longos negros cílios.

Por pudor demagógico ela sonegava

o frescor dos prados, enquanto

os montes de seus seios fartos

murmuravam em esplendor

de vida que me deslumbrava,

com a ansiedade da mão sem pudor,

a revesar um pensamento nas fossas

rotundas. Eu escorria ao léu

na correnteza do rio, arrebatado

ao fulgor da paixão irrefletida, dedilhada

em incorpórea fantasia. Olhei-a

e encontrei a flor, a música no ar, as luzes

tão ao alcance no peito, junto à águas

fugidias deste amor perfeito.

Estava exangue, acorrentado nos botões

fechados do desejo, por isso,segui meu rio

mariodeandradinamente. Só sabia que iria

amá-la para sempre, mesmo que em flor

murchasse.

permiano colodi
Enviado por permiano colodi em 20/08/2011
Reeditado em 20/08/2011
Código do texto: T3171657