Uma carta de adeus

Outro dia achei um papel na rua

Uma folha amassada

O vento a veio trazendo

E ela parou debaixo de meu pé

Bem no momento que eu parei

Intrigado com a coincidência

Eu me agachei e peguei o papel

Uma folha de caderno...

Estava escrito umas coisas

Era uma carta

Uma carta de adeus...

Eu tive dificuldade para ler

Estava muito sujo

Mas eu me interessei

E ainda mais quando vi estas palavras

"Amanda por amor a gente vive, ir ao seu encontro é um sonho que nunca se acaba... Mas Amanda por amor também se morre..."

"Eu fui até os limites do que pode suportar o ser humano, te dei meu coração, te dei minha alma Amanda também, mas te daria se mais tivesse, mas de nada isso valeu minha querida... Eu não pude suportar, esse é meu adeus"

Lembra de quando nos vimos pela primeira vez

Amanda? Lembra? Naquele dia eu me dissolvi, minha alma perdeu-se em ti, e eu, eu mesmo não sei onde fiquei, pois nasceu um novo ser que passou a viver por mim, e ele saiu de teu olhar, dos teus olhos minha alma migrou para o meu corpo e então eu pude viver, pois até então eu não era mais que uma matéria robotizada que passou a ter animação para esta vida a partir do momento que meu olhar penetrou nos teus olhos e buscou lá dentro de tua essência um sentido para minha vida, e o sentido de minha vida é te amar...

Até então eu não sabia disso...

Eu era um poema a esmo, vivendo sem autoria

Sem senti saudades nem alegria, um poema sem autor, uma dor sem criação, um ser que andava sem caminho

Perdido na vastidão do mundo e do tempo, aquele que perdia sem nenhuma consolação

Mas tudo mudou como mágica, chegou à fantasia que faltava, o sonho que eu não tinha, não tivera até então... E por que sonhar quando nos está marcado o rosto pelos arranhões do não?

Mas você chegou e pôs tinta em minha vida

Versos a mais em minhas estrofes

Palavras novas entre as minhas já tão usadas...

Você pôs um titulo na minha estrada

Estrelas na minha noite, e cobertor na minha madrugada

Você tirou minhas reticências e acrescentou novos temas aos meus

Eu, com você deixamos de ser quem eu era... E eu era um poema sem autor, alguém sem identidade, uma afirmação sem verdade

Em outras palavras, eu tinha agora um objetivo, me deste titulo, eu tinha agora um nome...

Obrigado amor por isso

Obrigado amor por ter me resgatado

A partir de então nós caminhávamos juntos

Você era o sonho que me faltava

E então descobri como é namorar na praça

Andar de mãos juntas

Comer no mesmo prato

Sorrir sem motivo

E chorar de tanto amor

Nós vivemos uma vida

Uma vida que ainda tinha muito que me mostrar

Grandes surpresas estariam por vim

E vieram

Surpresas que me degradaram

Verdades que eu não queria ver, nem conhecer

Então eu descobri contigo, a mesma fonte de vida e amor, que há dores muito, mas muito pior que a morte...

Não quero de elas lembrar agora

Não amor

Eu vou te enterrar assim

Assim como tu pareceu ser para mim

Um paraíso

Adeus, adeus, adeus...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 17/08/2011
Reeditado em 17/08/2011
Código do texto: T3166047
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