"O RIO ANHENBY, AGORA TIETÊ, É O RIO SUJO DA MINHA TERRA "
O RIO ANHEMBY, AGORA TIETÊ, É O RIO SUJO DA MINHA TERRA,
não tem águas limpas, claras, frescas, doces. Ele é preguiçoso,
corre lentamente, move-se como um animal ferido, em agonia,
estagnado, passa arranhando as suas margens, fosse o Ganges,
passaria em dignidade, a conduzir a alma da Índia, majestoso,
solene, com seus corpos a deslizar floridos, com linhos
perfumados
O Ganges, como todo bom poema, tem sempre algo a nos dizer.
O Tietê é um rio sujo da minha terra.
O Tietê é um rio cego
O Tietê é um rio sem peixes.
Um rio sem peixes
é um olho sem pupilas.
Encouraçado o Ganges desliza
a carregar a dor de todos.
Saniasins, sudras e intocáveis
marajás purificam-se
nas águas poluídas do Ganges.
Mas todos os rios do mundo
têm a idêntica dignidade
pois é a água a essência da vida.