Hamadria
Pela janela, avisto a árvore.
Próxima, quase desnuda.
Exceto por uma folha módica e hesitante.
Dança à ventania, contra sua vontade.
Trêmula, lúrida...
E mediante as adversidades permanece rija.
Quer porque quer sobrelevá-las, impávida.
Cobiça unicamente a quietude no refúgio.
Sem ninguém incomodar.
Ela sabe que para tudo há uma hora exata.
Sabe que em algum instante, cedo ou tarde,
Esta chegará: de mansinho, sem aviso prévio.
Percurso inevitável do ciclo orgânico.
Mas lhe toma importância o presente.
A conquista dial.
Ao futuro, dá-se um jeito.
Sempre se dá!
Cada qual com seu quinhão.
Angústia à toa, por quê?
A vida necessita correr macia,
Malgrado óbices e escoriações.
É o aprendizado realmente profícuo.
Lá fora continua a folha, peciolada.
Aguerrida às intempéries.
Desaparecendo sob a bruma crástina...