EM ALGUM LUGAR DO FUTURO
Talvez seja possível o resgate
do que perdemos neste presente imperfeito.
O amor se desfaz como um castelo de areia.
A alegria, rara, se esvai em meio a desafetos.
O prazer, que deveria ser só sensações,
se perde no instintivo sexo animal.
O respeito já se extinguiu como alguns vulcões.
A moral faz tempo...virou vaca e foi pro brejo.
A lisura é só figura de linguagem.
A música, reduto sublime da arte,
virou éguinha pocotó, meteoro de bobagens...
O dinheiro virou o senhor de tudo.
Em algum lugar do futuro, haveremos de achar
novas formatações do ser, querer e poder ser.
O destrambelhamento compulsivo da ignorância
e da incompetência, nos faz morrer na praia.
Depois de anos e anos nadando na história do mundo...
A desmitificação da religião se sobrepôs à
sacralidade dos templos e das inteligências.
Deus também nos deu as costas.
É tanta blasfêmia, tanta falência, tanta demência,
que o criador resolveu nos esperar lá na frente.
Em algum lugar do futuro.