O Barqueiro
A Gravidade e a morte
Barqueiro apregoava aos ventos, ensinamentos levados dissipados pelo vento: Surdos! Difícil tempo quando o mundo é mundo. Nada! Nada mudos. Espaço apertado onde se vive amontoado, tolos todos que vêm diferenças, que diferença?
O espaço é curto, curto espaço a tempo. Tempo curto sem espaço. Cútis tem cor? Gente com Jeito diferente perde-se o valor? Matéria tem valor? Qual valor? E geito da jente onde está o erro? Onde está a diferença?
Metal dourado, aniquilado. E mais? Mais faz a diferença? Bradava o da proa venerado, azul: Diferença faz! Tolos! Dizia o barqueiro esfarrapado. Esmola! Pedia o colorido da popa: Óh! Da proa, esmola! Olhem-me! Dizia o desajeitado da vela: Venta ao meu favor. Tolos morrentes!
Pobre barqueiro do leme quebrado, desvelado, despido, odiado, confundido remador incansável, gritando tempo inteiro, tolos surdos! Pobre barqueiro, mãos calejadas, feridentas, sangrentas, pés descalços avermelhados.
Tolos, o barco afunda! Estão cercados, condenados pelos elementos absolutos que os prende por toda vida. Tolos da popa, proa e velas, desafortunados. Morrentes incorrigíveis.
Ao fundo, no porão, silenciosamente se ouvia: Nós! Diziam a gravidade e a morte: Juntos somos imbatíveis, invencíveis, invisíveis, submetemos os tolos às nossas forças inevitáveis - caíram, sucumbiram, viram diferenças, onde não sei! – Disse outra vez. Tola atenção.
Autor Irineu Magalhães
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