"BECOS DA VILA DE M' BOIGY" -(O Beco do Sapo)

Filho de negra liberta de alforria,

Jaguararyfoi parido de quase mulher da vida,

quase fora de hora, pois nunca é hora!

Jaguarary, foi vivendo de adjutórios

quase suficientes.

Viveu na Vila de M'Boygi como essas samambaias

que surgem nos muros, intrometidas

e ficam por aí.

Come aqui, dorme aculá, até que mais tarde,

ficava de amarrador de burros quase mansos

e dar-lhes de beber na Bica da Biquinha,

nunca levou coice, que o negrinho era quase esperto.

Jaguarari gostava mesmo era de meter os pés

na enxurrada do Beco do Sapo.

" _Esses moleques atrevidos!", dizia o vicentino,

vinha subindo a ladeira com a mão no nariz,

o beco era precisão do povo,

a mão nojenta no nariz fez reprovação,

balançou-a no ar, passou ao largo,

evitava encarar o negrinho,

tinha medo de levar pedrada.

No muro as avencas continuavam despercebidas,

continuavam por lá

como os moleques quase gente!

Dona Isolina, beata quase caipora,

tinha especialidade de goiabada cascão,

se o menino batesse o tacho, tinha promessa

de ganhar uma pá da cuja: a goiabada no tacho fervente

espirradeira nas pernas do negrinho de boca na goiabada.

Tinha também a promessa de dormir no galinheiro,

"_Noutros dias, nem se fale!, que dormisse por aí!,

esses moleques não são de confiança!"

Nadar no Anhemby?

Só se estivessem presentes os bugrinhos quase conversos.

Jaguarary se pelava de medo de Uiara!

Era mais seguro caçar rolinhas de bodoque

de olho no Saci.

Já mais erado, um dia abusou,

afundou de vez nas águas do Tietê.

" _Foi castigo de Uiara!", diziam todos,

Bem..., quase ninguém se importou,

os sapos se incomodaram e discutiam:

"_Penso que foi..."

"_Penso que não foi..."

" _Penso que..."

Continuam discutindo até hoje!

permiano colodi
Enviado por permiano colodi em 06/06/2011
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