" AS FLORES DO MAL "
Enquanto a pena traça, do rumo os seus contornos,
ouço vozes de seres estranhos ou de existências
anteriores.
São presenças que, como flores do mal, perambulam
soluçantes,
atormentadas em meus versos.
Seguem incorpóreas, sob um véu enegrecido.
adentram no vazio e vão, de sonho em sonho, sagazmente,
aconchegarem-se em tristeza.
Desdobram-se em tempo e espaço, densos,
após a gestação nas sombras, nos escaninhos do sono.
Formam como quimeras a matéria de meus poemas.
Com o tutano de meus ossos, crio e recrio,
dou-me a conhecer e me escondo na invenção de um gozo,
ao abrigo do devaneio nego a inspiração das caquéticas
musas,
e vou na opção de um deleite, roído nas entranhas.
Acordo em sobressalto com o verso despertado!