Risco

Risco é coisa engraçada, pessoal e intransferível. Cada qual traça suas linhas.

Mesmo aquele, cujo desejo maior seja exatamente tatuar o traço alheio e tomá-lo para si,

fracassa em tentativa vã.

Alguns até conseguem clonar de maneira quase indefectível, mas falta-lhe o olhar.

O olhar não é seu, as mãos não são aquelas e o desejo espremido, não

nascera da sua alma.

Então o risco, o traço, o dançar das linhas, o complexo emaranhado de singularidades que saem do desenho de cada um é o que o personifica.

O borrão, o chamusco, a garatuja, linhas finas, texturas grossas, rupestres, psicodélicas, clássicas, displicentes, anacrônicas.

Os riscos, coisas estranhas nascidas das entranhas, saídas de nós.

Valéria Escobar

Maio/ 2008