" RECOMEÇO "
Antes de sentar-me à mesa,
cumpro um ritual solene:
o de sentir-me felizardo
pelo pão dormido.
Preservo o remorso,
o gume feroz de um lâmina em jejum.
Preservo as idéias,
o peso frio que insensível espio,
de uma pedra no peito.
Busco o esplendor das uvas,
armadilhas líquidas
de medusas e calafrios.
Aguardo um aceno,
um sinal que seja,
para o enigma do recomeçar de novo.