Caso de amor

Amar, não amar...

Difícil aceitar tais contradições quando o ser em questão está dentro de mim.

Este ser confuso que maltrato e afago...

Acaso preciso de lágrimas para entrar em mim?

Entrar para um abraço, uma conversa franca, um puxão de orelhas...

Esta maldita comiseração, sentimento tolo,

]desejo infame que o mundo me veja e faça coro às lágrimas minhas...

... Como se minha dor pudesse ser sentida por alguém. Um sentir tão meu!

O meu não amar empurra a auto-estima para o canto e diverte-se com o espetáculo melodramático...

Bom mesmo é saber que o meu amar (em tempo) me resgata, ajeita as vestes encarquilhadas,

passa uma cor no rosto, arrastando-me para a festa.

E danço, flutuo, respiro, ensaio gestos suaves, soltos, saio a voar...

E as lágrimas se fazem purpurina, o céu opaco vira palco iluminado.

Minha face se ergue, contempla o belo,

acredita no belo e percebe enfim,

nos braços do meu eu que ama... Tudo valer a pena.

Valéria Escobar

10/03/08