Mistério
Uma voz... um encontro...
Um dia quero ser
Aquele que te beija
Aquele que te abraça
E te sente, e te enlaça...
No silêncio do encontro
A fragrância do perfume
Que senti, que não esqueci
Teus lábios, teu beijo
Aquele beijo...
Nosso encontro, nosso desencontro
Mas o destino nos separa
E estamos juntos, e sabemos...
Cinza. De azul o céu se fez
De alegria em pranto caiu
Mas o que é o pranto
Se sorrio a cada teu sussurro
Se te sinto a cada meu suspiro
Se te vejo como hoje...
Essência.
Lembrança do que foi,
Que um dia se foi
Esquecido, assustado, assombrado,
Mas teus olhos ‘inda posso ver
Na lembrança em minha mente
No aperto em meu peito
Um olhar que paralisa
E desaba...
O que esses olhos fazem?
Senão palpitar o coração enclausurado
Preso por fora, em tua ausência
Livre por dentro, em te amando.
O que esses olhos dizem?
Te ouço me chamando
Meu nome ao vento
Do jeito que tu fazes
Do jeito que eu sinto
De como desconcertas...
Uma paixão desconcertada,
Um amor inacabado
Pedras ao chão, lágrimas ao ar
Caindo, chorando, morrendo...
Distância.
E se estivesse perto
E se estivesse longe
Se estivesse aqui
Que seria de nós dois?
Que seria deste amor,
Nosso sofrimento,
Nossa dor?
Silêncio.
Talvez ele explicaria
O que não tem explicação
Porque nada se diria,
O amor não tem razão
Frente a frente.
Será o tempo fez-nos frios
Ou ainda em um olhar
O castelo de sonhos desabar
A realidade acontecer
O sonho acabar
Ou o medo voltaria?
De arriscar
De tentar
De amar...
Iriam as palavras aparecer?
O sentimento se expressar?
Ou, mais uma vez, cadenciar...
O que sentes, enfim?
Podes me ouvir, podes me ver
Mas não posso te entender
Pois esse mesmo mistério que te impede
De dizer o que talvez poderia ser dito
Tem medo de sofrer
Mais ainda
Que já se tem sofrido.
Uma voz
Um encontro
E nada mais...